"Pensei que era moleza mas foi pura ilusão
Conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão"
(Melô do Marinheiro - Os Paralamas do Sucesso)
Esse blog é dedicado a todos que voam, que já voaram e que sonham em voar!





terça-feira, 15 de novembro de 2011

Relacionamentos e aviação


"Relacionamento não é aquela coisa colorida onde tudo se encaixa perfeitamente. O nome daquilo é Lego!" - sabedoria popular da net
 Muita gente se pergunta se é possível para um tripulante manter um relacionamento estável. O fato de passar vários períodos longe de casa, de estar sempre voando de um lugar para o outro e de estar cercado de pessoas bonitas, ou pelo menos interessantes não prejudicaria? E a tentação de dar uma "pulada de cerca", já que o que os olhos não veem o coração não sente?

A percepção daqueles que entram na aviação é de que vão encontrar "um mar de solteiros", como definiu o comissário Filipe Eloy em seu blog É tanto que transborda, leitura obrigatória para quem tem interesse em seguir a carreira.

Mas logo se vê que as coisas não são bem assim. Na verdade o número de tripulantes casados ou em  relacionamento estável ultrapassa o de solteiros, aí incluídos também os pilotos.

Essa estatística se deve a uma série de fatores, mas creio que o principal é aliviar a solidão que acomete esses profissionais.

Já comentei aqui em outros posts que, apesar do glamour, das viagens e das oportunidades de ter contato com várias pessoas, a profissão de aeronauta é muito solitária. Por isso a necessidade de ter alguém para chamar de seu, de ter um porto seguro, um lar para onde voltar, descansar e repor as energias para mais uma jornada.

Tripulantes, assim como os artistas, se casam muito entre si. O afastamento do grupo de amigos "terráqueos" é inevitável, e o convívio constante com os colegas também. Isso favorece os relacionamentos. Tem muitas comissárias casadas com pilotos ou com comissários, assim como casais homossexuais assumidos.

É um relacionamento com menos atritos, digamos assim, pois um conhece a rotina do outro. Por isso as cobranças são menores. Alguns casais solicitam escala fixa, mas não porque se amam de paixão e um não vive sem o outro rsrs... Mas por questões mais práticas, como morar longe do aeroporto e ter um carro só.
Deve-se ter cuidado porque nada como a convivência H24 para desgastar um relacionamento!

Os que se casam com pessoas que não são da aviação enfrentam atritos maiores, principalmente as mulheres. Homens são menos flexíveis em relação à rotina de trabalho da mulher comissária. Muitas vezes não entendem como é que a mulher chegou de viagem ontem e hoje já vai voar de novo e só volta dali a três dias! Ou então acham que são candidatos a chifrudos. É preciso ter maturidade e equilíbrio, além de confiança total um no outro. E volta e meia fazer o famoso DR (discutir a relação) rsrs... É preciso acima de tudo RESPEITO pela pessoa que escolheu estar a seu lado.

Muito importante também é o casal ter objetivos comuns. Pode ser desde comprar um imóvel até planejar uma viagem de férias. E uma vez alcançado o objetivo, cria-se outro, e mais outro.

Como muitas vezes a solidão e a carência andam juntas, é comum tripulantes caírem em ciladas por causa dela.

As comissárias podem atrair maridos chupins - expressão do tempo da minha avó - mas não achei outra melhor para definir homens que não são muito chegados ao batente, porém tem uma boa lábia e se fazem de imprescindíveis na vida da comissária carente. Por isso é preciso ser racional e estar atenta para não entrar nessa furada! Como se diz por aí: Treino é treino. Jogo é jogo. rsrs

Assim como o marido chupim, também existem as mulheres oportunistas que estão sempre rondando os tripulantes. Os pilotos são as maiores vítimas, pois são considerados "bons partidos" pela remuneração que recebem. Mas os comissários também não estão livres! Pode acontecer do comissário se apaixonar por uma mulher que trabalha, tem sua carreira e é independente, e pouco tempo depois do casamento essa mulher se desliga do emprego por qualquer razão, vira madame e passa a viver do salário e dos benefícios da profissão do marido. Maior propaganda enganosa!

O velho clichê do "piloto com a aeromoça", apesar de muito aumentado no imaginário popular, até existe. Eles jogam a isca, se colar colou. Tem as que se fazem de desentendidas. Tem as que fingem morder a isca mas na verdade quem acaba sendo fisgado são eles quando elas se tornam as "patroas" rsrs. E tem aquelas que ainda acreditam na velha história, mais velha do que a do piloto com a aeromoça, de que um dia "ele vai largar a mulher para ficar com ela".

Enfim, o ambiente da aviação, como qualquer outro meio adulto, não é puro nem inocente. Mas está longe de ser aquela orgia desenfreada que muita gente pensa.

3 comentários:

FILIPE ELOY disse...

kkkk Muito bom!

Cada parágrafo que li do seu texto eu fui lembrando e identificando cada tipo de tripulante com quem eu já voei nesses poucos meses. rsrs Todos eles existem e estão mais vivos do que nunca.

Já ouvi muitas conversas de comissárias assim: "Você namora?" "Ah, legal - é da aviação?" "É piloto?" rsrs Já ouvi muito isso!!!

Adorei!

Lúcia,

Como está o pessoal lá da Cia do Ar? Muitas turmas tem se formado lá? Será que se eu der uma passada lá não vou ser um estranho? rsrs

bjosss

Anônimo disse...

ola. tudo bem?
eu e minha esposa ja somos formados e estamos pensando em fazeer o curso para comissarios pois temos sonho de trabalharmos juntos na area. isso eh possivel? conhece quais empresas facilitam a "escala casada"? muito obrigado. abraço e parabens pelo blog. guilherme

guilher,mer disse...

Opa boa pergunta Guilherme!
Eu e minha esposa tb temos o sonho de voarmos mas temos esse atrito quanto as escalas, conversando entao decidimos que só iriamos em busca desse sonho se fosse possível. como já trabalhamos juntos em outro emprego vimos que o fato de termos escala casada não influenciaria em nada em nossas vidas, alias profissioal é diferente da vida pessoal não é mesmo?! rsrsrs
Gostaria de saber um pouco a respeito desse assunto tb.